terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Mulheres que Transformam

Jael cujo nome significa “cabra selvagem, montês”, isto que “cabra que vivia nas montanhas”.Ela não era judia e, juntamente com seu marido Héber, fazia parte de uma tribo nômade.Eram queneus ( os queneus eram povos nômades que viviam em clãs nas Terras Prometida de Canaã e que segundo a Bíblia, tiveram um papel muito importante na formação da religião dos hebreus. Com efeito, a Bíblia refere-se a um sacerdote queneu, isto é, Jetro, descendente de Midiã, que terá iniciado Moisés, seu genro, no ofício do socerdócio)
Observa-se que Héber, o queneu, era relacionado com o sogro de Moisés e, desta forma, com os israelitas (Juízes 4:11). No entanto, ele parece ter abandonado esse relacionamento e se mudado para o norte, aliando-se a Jabim, o rei cananeu. Em outras palavras, é como se ele tivesse mudado de lado. Ele não estava mais do lado israelita, e sim do lado cananeu.
O fato, aparentemente, era de conhecimento comum, pois Sísera fugiu para a casa de Héber achando que estaria seguro sob a proteção de um aliado. Parece que, providencialmente, Héber não estava em casa. Assim, Sísera cometeu um erro fatal ao procurar refúgio ali.
A resposta de Jael fê-lo acreditar que encontrara um lugar seguro onde poderia comer e descansar, e depois continuar sua fuga para casa. Ela o convidou a entrar na tenda e lhe disse para não temer. Depois que ele entrou, ela o cobriu com uma manta ou coisa parecida. Ela lhe deu leite, o que, combinado com sua fadiga, foi o suficiente para fazê-lo dormir. Ela também lhe prometeu ficar vigiando à porta da tenda. Sísera presumiu que, se alguém o procurasse, ela diria que ele não estava. E, então, ele adormeceu - pela última vez. Nunca mais acordou. (Juízes 4; 17-24)
Pela maneira como Sísera chega a sua tenda, ela deve ter percebido que os israelitas estavam vencendo a batalha contra os cananeus. Ela deve ter sentido que esta era sua oportunidade de ajudar Israel, matando Sísera. Armar e desarmar tendas eram serviço de mulher; por isso, Jael tinha sempre à mão suas ferramentas de trabalho, e sabia como usá-las. Enquanto Sísera dormia profundamente, ela pegou uma estaca da tenda e a encravou em seu crânio, penetrando até o chão. Não muito depois chega Baraque, em perseguição a Sísera. Jael o chama e lhe mostra o corpo estendido na tenda com a cabeça encravada no chão.
Foi nesse contexto da História do Antigo Testamento que o Senhor usou essa mulher transformada, estrategista e bendita para ajudar Débora e Baraque a liquidar um grande inimigo de seu povo.Jael dentro de si tinha a mensagem do Senhor, pois enquanto seu esposo ficava do lado dos inimigos do povo de Deus ela estava do lado certo, do povo de Deus. Veja só, a estratégia de Jael, sim, porque ela percebe a oportunidade que Deus lhe concedia. Ela recebe Sísera em sua tenda e lhe dá uma recepção de amigos oferecendo-lhe leite. Débora a chamou de bendita (Juízes 5:24) por causa de sua atitude estrategista e corajosa. Jael possuía sabedoria de Deus. Ela havia cometido vários crimes aos olhos da cultura da época, pois infringiu as leis da hospitalidade, falsidade, traição e homicídio. No entanto, ela vai ao encontro de Baraque com alegres noticias (Juízes 4:22).
Do ponto de vista israelita, Jael fez um trabalho de mestre. A glória realmente é dada a ela, e não a Baraque.Embora fosse uma estrangeira, a sua atitude fez dela uma mulher honrada pelo Senhor, que marca a sua época ( Juizes 5: 6-b)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Participação dos Negros na Política - Parte 1

Aumenta a participação dos negros na política Apesar do modesto crescimento
de 3% da bancada negra ou afrodescendente – que pulou de 5% para 8,5% em 2011 –, com 43 deputados eleitos, a Frente Parlamentar da Igualdade Racial pode chegar a 220 deputados, número que mostra uma relativa força política do Movimento Negro para votar matérias de interesse da comunidade negra.

O primeiro parlamentar federal negro eleito foi Eduardo Gonçalves
Ribeiro, maranhense e filho de escrava. Anteriormente, já havia sido o primeiro afrodescendente a assumir um governo de província, a do Amazonas, de 1892 até 1896. Logo em seguida, é eleito senador, mas não toma posse. Em 1897, foi eleito deputado federal, exercendo o mandato até sua morte em 1900. De lá para cá, o voto étnico negro produziu interessantes situações de sucesso eleitoral, como Alceu Collares, no Rio Grande do Sul, Albuíno Azeredo, em Vitória, em 1991, ambos do PDT, Benedita da Silva, do PT, em 1989, Celso Pitta, do extinto PPB, em 1996, e o caso clássico de Leonel Brizola com seu
"Socialismo Moreno", mas que não conseguiu tirar a massa negra do processo de alijamento eleitoral, haja vista a pouca representatividade própria dos negros que se sagraram vitoriosos nas eleições de 2006 e 2008.

No entanto, cresceu em 3% a participação dos negros na política
brasileira, que era de apenas 5% na última eleição de 2008. Em 2010, o Congresso Nacional elegeu 43 deputados e deputadas negros, chegando ao índice de 8,5% de negros no Parlamento brasileiro. O PT continua sendo o partido que mais elege negros no país: nas eleições de 2010, elegeu quase a metade dos 14 parlamentares
autodeclarados afros. Em seguida vem o PMDB e PRB, partido do ex-vice-presidente José Alencar, com seis eleitos. Já o PCdoB, quatro; e PR, PSC, DEM, PSB e PTB elegeram apenas um deputado cada.

Merece destaque no apontamento (Balanço eleitoral do voto étnico
negro) feito pela Unegro – União de Negros Pela Igualdade – o fato de no PRB estar despontando uma geração de lideranças políticas negras oriundas de importantes grupos evangélicos, muitas delas, inclusive, ocupantes de cargos da alta cúpula das principais igrejas, como Igreja Universal do Reino de Deus e Evangelho Quadrangular.

Quanto ao mapa geopolítico, a Bahia, além de ter a maior
 população negra, também tem a dianteira no quesito de representação parlamentar, elegendo a maioria dos negros aos cargos de deputado federal, num total de sete, mesma quantidade de Maranhão e Rio de Janeiro. Na segunda colocação ficou Minas Gerais, com cinco membros para a 54ª Legislatura da Câmara dos Deputados. Para as Assembleias Estaduais, foram eleitos 39 deputados estaduais ou
distritais, a maioria filiada ao PT, 14; PTB, quatro; PSB e PRB, com três deputados cada, quase todos com domicílio eleitoral na Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, estados que mais elegem deputados estaduais negros do Brasil.

Apesar do modesto crescimento de 3% da bancada negra ou afrodescendente

– que pulou de 5% para 8,5% em 2011 –, com 43 deputados eleitos, a Frente Parlamentar da Igualdade Racial pode chegar a 220 deputados, número que mostra uma relativa força política do Movimento Negro para votar matérias de interesse da comunidade negra. De acordo com os pesquisadores Amaury de Souza e Nelson do Valle, os negros têm comportamento eleitoral diferente dos brancos. Por exemplo, em 1960 os negros votaram mais em Jango, o que comprova a vocação em votar em candidatos do campo trabalhista e populista.

Outros exemplos são as eleições de Brizola e de Benedita da Silva
para o governo do Rio de Janeiro. Essa guinada deu-se acentuadamente a partir da Constituição de 1988 ao permitir o voto dos analfabetos, com o qual milhões de cidadãos negros foram alçados ao eleitorado. Contudo, o sociólogo Antonio Sergio Guimarães, autor do livro Classes, Raças e Democracia, ressalta que o voto étnico não é uma exclusividade da comunidade negra, pois já é utilizado pelos italianos, sírio-libaneses e portugueses. Porém, os 43 deputados federais de origem afrodescendente empossados em 1º de fevereiro comprovam que ainda é forte a segregação racial quanto à representação política brasileira, pois de todo o Congresso Nacional apenas 8,5% são compostos por negros, e há
somente dois senadores da República de etnia negra.

Já a Frente Negra do Congresso Nacional, criada em maio de 2007, tem
uma composição bem melhor e até certo ponto expressiva, 220 deputados e quatro senadores, sendo o PT o partido que mais possui membros, com 70 deputados, seguido pelo PMDB, com 44, o DEM com 12 e o PSB com 11. Os senadores dessa frente são oriundos do Bloco PT/PCdoB.

No entanto, somente nove partidos políticos, dos 27 legalmente constituídos no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), têm secretarias dedicadas aos negros ou de setorial afro. São eles: PHS, PT, PMDB, PDT, PTB, PRB, PSTU, PCO e PSDB, com o seu Tucanafro.