sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A Trilogia - Vilões do Relacionamento -Parte 1ª Carência


Nascemos desprotegidos, vulneráveis, passivos e carentes. Dependendo de como essa vida foi levada à diante essa é a fórmula perfeita para um desastre a longo prazo.
Insaciável
Somos seres necessitados! Necessitamos de água, comida, sol, pessoas, amor, lazer, trabalho, sexo, crescimento e sentido de vida. Buscamos atender nossas necessidades a todo momento.
A maneira que atendemos as necessidades determina o modo como viveremos pela vida toda. Podemos cultivar uma mente insaciável, voraz e exigente em relação às vontades.
A fome é uma necessidade básica, isso não quer dizer que você deva atendê-la sem critério, direcionamento e parada. Para atendê-la você pode escolher um cardápio saudável, preparar sua comida, convidar alguém para compartilhar do alimento e se saciar com uma quantidade razoável.
Mas além da fome queremos matar a carência.

A origem

A carência é uma ilusão emocional que criamos na tentativa de compensar uma “falta” que tivemos ao longo da vida. Atribuimos essa falta aos pais. Lamentamos que eles não deram tudo aquilo que gostaríamos.
Para o insatisfeito sempre houve menos amor, atenção, tempo e incentivo do que gostaria. Carência emocional é essa reivindicação não atendida dos pais.
Se parasse por aí seria bom, o problema é que continuamos a exigir atenção exclusiva, intensa e constante de tudo o que transita ao nosso redor.
Bebemos agua do mar e quanto mais bebemos maior a sede.
Exigimos algo de outra ordem que nada tem a ver com o momento presente.

Escravidão

O carente é escravo de receber. Só receber.
A pessoa carente entra numa relação amorosa esperando receber do outro tudo aquilo que fantasia merecer. Sente-se no direito de ser recompensada por cada gesto, afago ou elogio que dá. Na realidade é uma falsa doadora, espera receber na mesma moeda e com juros.
A pessoa carente se mostra frágil e dependente de atenção e provoca a sensação de que por mais que receba nada basta ou é suficiente.

No relacionamento amoroso

Essa base de relação é a maior causa de desastres emocionais, pois a carência é mãe do ciúmes, da inveja, das exigências sem sentido, das brigas por atenção exclusiva, do tédio e do sentimento de insuficiência de uma relação.
Depois de um tempo de relacionamento nada que o outro faça é o suficiente, o nível de exigência vai aumentando e criando uma demanda insustentável. O carente exige mais e mais, votos de compromisso, lealdade, integridade, exclusividade e tentar manter a pessoa amada numa redoma de vidro.
O carente faz isso nos relacionamentos e na vida, pois nem percebe que sempre está tentando cativar a atenção dos outros.
Pessoas exibidas são carentes, os barraqueiros igualmente, os pegajososjá são conhecidos, mas as pessoas frias também (quanto maior a carência maior a proteção numa casca de autossuficiência).

Maneira que vê o mundo

A pessoa carente sempre tem um pensamento de escassez. Tudo pode acabar a qualquer momento, está sempre mesquinhando emoções. Grita em seus pensamentos que algo desastroso vai acontecer. Por isso pode se transformar em possessiva daqueles que agarram você de fato e aqueles que usam de artimanhas emocionais para manter você numa teia psicológica.

O que seria uma pessoa não carente?

Seria alguém que não responsabiliza alguém ou uma situação para abastecer suas necessidades. Ao inves de pedir ou receber algo ela possibilita experiências em conjunto. Sabe que a vida não acontece quando você recebe mas quando você possibilita um espaço em que algo produtivo aconteça. A pessoa não-carente proporciona um espaço como alguém que abre uma roda de dança para que cada um se manifeste livre, sem exigências, pressão ou formato definido.
A base da não-carência é a generosidade desprendida. Se quer deixar de ser carente ofereça algo de si para alguém livre dos resultados.
Essa série de 3 posts tem o objetivo de falar de 3 vilões de relacionamentos amorosos. Amanhã falarei sobre o apego e depois sobre o poder.

2 comentários:

  1. Seria ótimo se vc, autora, discutisse tb sobre pessoas que iniciam im relacionamento, quando ñ tem capacidade de nutri-lo. A carência é um vilão do relacionamento, mas tem pé de igual com displicência, a possessividade e a necessidade de estar sempre certo e se sentir dono da verdade. É ótimo um blog que discuta assuntos tão versateis e abrangentes. Obs.: desulpem a falta de pontuação, usando teclado qwerty.

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  2. Concordo com vc em muitos aspectos,mas sinceramente eu não creio que alguém realmente entre em uma relação sem essa capacidade de nutri-lo, o que eu realmente creio é que seres se unam para viver um sentimento genuíno, mais que cada um tem a sua forma de doação, quando uma das partes não consegue entender e sentir essa maneira de se dar, ai as coisas realmente começam a seguir o rumo da falência....Possessividade ao meu ver(não como dona da Verdade)Seria uma forma de irracionalmente tentar manter algo que já não esteja sendo saudável, pisadas de bola mágoas palavaras que machucam, sabe como são essas coisas no tocante a relações interpessoais.....Afinal de contas cada um chega ao relacionamento com suas bagagens e nem sempre com conteúdo saudáveis.
    Mas a carência é algo que pode tornar o relacionamento sufocante, imagina alguem cobrar diariamente algo que somente a propia pessoa pode mensurar???Uma loucura não é mesmo? Agora quando vc diz pessoas que iniciam algo que não pode nutrir, essa via não é de mão Única....A outra parte também tem o direito de sinalizar, se não o fez, tem que assumir sozinha(o) o risco dessa falência.
    Obrigada por seu comentário e como o Titulo diz será uma Trilogia amanha tem mais adorarei saber que leu tambem, quem sabe possamos tirar ensinamentos não é mesmo.

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