domingo, 31 de julho de 2011

Isso nao tem nada com a Pele

A METÁFORA DO PRECONCEITO E AS CONOTAÇÕES DA PALAVRA "NEGRO"



Em uma sociedade preconceituosa, o negro é visto como ser inferior, primitivo, retardado, delinqüente, perverso, desonesto, tolo, possuidor de maus instintos, sujo, irresponsável, preguiçoso, incapaz, etc. Esses preconceitos tornam-se traços semânticos das palavras preto/negro que vão sendo reproduzidos em inúmeras metáforas que utilizam essa cor.
As metáforas que utilizam signos que representam a cor negra, introjetam inconscientemente até mesmo no falante de afro-descendência o preconceito racial/social. Essas metáforas fazem parte de nosso sistema conceitual e seu uso intenso faz com que o falante incorpore, e passe a considerar como seus, os valores preconceituosos que permeiam a linguagem.
A interpretação da metáfora está ligada às idéias de denotação e conotação, ou seja, à significação com valor REFERENCIAL e à significação associada a valor EMOCIONAL. Assim:

“O dia hoje está negro” teria como sentido denotativo um dia sem sol, com nuvens escuras e como sentido conotativo ou metafórico, um dia cheio de problemas, aborrecimentos ou tensões.

“Ele é um negro de alma branca” está produzindo um enunciado falso, pois não se atribui cor à alma. No entanto, a intenção da metáfora é dizer outra coisa, como, por exemplo, "ele é um negro que possui qualidades próprias das pessoas brancas".
"A situação está preta", descreve uma idéia real, mostra que alguma coisa não está bem, está adversa, ruim, etc. A idéia implícita "negro é ruim, adverso", no entanto, é falsa, preconceituosa, introjetada em nossas mentes, como se fosse um atributo da palavra negro.
“Isso é trabalho pra negro” enfatiza-se aí a escravidão, a desigualdade, a exclusão e o racismo através da palavra negro.
“O diabo não é tão preto como se pinta” associa a palavra preto à figura e ao comportamento demoníaco.
“A fome é negra” utiliza a palavra "negro" para enfatizar o desespero e a desolação com o problema da fome.

Vocabulário que carrega preconceitos

câmbio negro: comércio ou transação ilegal.
mercado negro ou câmbio negro: comércio ilegal.
prejuízo preto: prejuízo imenso.
caixa-preta: falta de transparência.
lista negra: relação de coisas ou pessoas consideradas prejudiciais.
humor negro: humor que choca pelo uso de elementos mórbidos ou macabros
magia negra: bruxaria.
peste negra: doença que assolou a Europa na Idade Média.
ovelha negra: pessoa ou entidade que se destaca pelo mau procedimento.
besta negra: inimigo, problema de difícil solução.
asa negra: pessoa que prejudica ou embaraça um grupo com freqüência.
língua negra: vala que despeja esgoto no litoral ou nos mananciais.
mancha negra: vergonha.
lado negro: lado ruim, negativo.

sábado, 30 de julho de 2011

Pastoreio = Rentabilidade

Quem nunca ouviu dizer dentro de uma igreja evangélica o expressivo chavão “ Daí pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”  MT 22.21 .


Desta forma, conseguem distorcer o evangelho, e tiram do povo tudo o que podem tirar.Que hipocrisia, não irmãos. Tudo o que existe na bíblia fazendo ou dando a entender que você deve contribuir na obra é aplicado aos crentes.E a Igreja? E as suas obrigações com os membros e com o Estado.Está na hora de acabar com a isenção de tributos ao estado. É um monte de gente se dando bem sem pagar impostos, como imposto de renda, redução ou isenção de taxas e impostos na aquisição de bens móveis e imóveis. Basta comprar no nome da igreja ( Entidade filantrópica – muito rentável por sinal )O Que tem de pastores e outros andando de carrão importado e de avião é brincadeira. ( Bênção de Deus - hipócritas)É fácil, R$ 3.000,00 ( a média ) de salário ( ajuda de custo ) pastor não pode receber salário ( A constituição prevê serviço voluntário ), Aluguel R$ 1.000,00. Assistência saúde R$ 500,00. Combustível R$ 400,00 ( visita pastoral) a maior parte é para passear e serviços particulares. R$ 1.000,00 de luz, água e telefone ( e gastam sem dó ) e outras despesas como viagens de estudo duas vezes por ano; reunião pastoral uma vez por mês com hotel, restaurante, viagem tudo pago pela igreja. Isto aqui fica apenas por baixo, A média de igrejas locais de tamanho médio. Sem contar com a jubilação de pastores que a igreja deve continuar pagando.Brincadeira. Não pagam um centavo de imposto. E ainda. Muitos ainda conseguem colocar seus filhos em faculdades teológicas com todas as despesas pagas pela igreja. Pois eles serão os futuros pastores da igreja. Tudo dentro da família. ( Filhos, netos, genros, enteados etc. etc. ). Futuro garantido e rentável.“ Sem fins lucrativos “. Que coisa né irmãos. Por acaso alguém abre alguma igreja que não seja para ter lucros. Qual é o louco do “Pastor “ que vai abrir uma igreja se não for para ganhar dinheiro, pelo menos, o suficiente para o seu bem estar .Agora, entraram na política, conseguiram uma bela fatia no governo. Alegam que são candidatos, pois o objetivo é de defender o evangelho contra aqueles que querem destruir os princípios da fé. Hipócritas. Nunca vi tantos crentes políticos envolvidos em maracutaia, envolvidos com todos os tipos de propinas e corrupção.Estão lá sim, na maioria, para defenderem os interesses de suas igrejas, para que continuem se beneficiando do governo e dos membros, sendo imputáveis de impostos e negligenciados pelo estado quanto a fiscalização em suas administrações.Que Deus pudesse levantar mais promotores e juízes, para denunciar tantas falcatruas existentes em muitas igrejas pelo país.Que Deus pudesse levantar homens verdadeiros, íntegros e justos para mudar esta lei que só beneficiam poucos.Com as igrejas pagando impostos, haveria fiscalização do governo. Os municípios, os estados arrecadariam mais, que beneficiaria muitas pessoas. Com certeza, circula dentro das igrejas no Brasil em torno de 5% de toda renda do Brasil.   Não sou contra o auxilio pastoral. Sou contra a exploração do Evangelho.
Acordem membresia.....

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Identidade X Genero


Na contemporaneidade, "novas" identidades culturais obrigam a reconhecer que a cultura, longe de ser homogênea e monolítica, é complexa, múltipla, desarmoniosa, descontínua. Um novo movimento político e teórico se pôs em ação, nas últimas décadas, e nele as noções de centro, de margem e de fronteira passaram a ser questionadas. O presente artigo assume essa perspectiva para analisar a constituição de diferenças e identidades de gênero e sexuais e, mais especificamente, as formas como esse processo vem se expressando no campo do currículo. Destaca as estratégias públicas e privadas que são postas em ação, cotidianamente, para garantir a estabilidade da identidade "normal" e de todas as formas culturais a ela associadas; bem como as estratégias que são mobilizadas para marcar as identidades "diferentes" e, ainda, aquelas que buscam superar o medo e a atração provocados pelas identidades "excêntricas".
Palavras-chave: identidades de gênero e identidades sexuais; normal, diferente e excêntrico.
Nós, educadoras e educadores, geralmente nos sentimos pouco à vontade quando somos confrontados com as idéias de provisoriedade, precariedade, incerteza — tão recorrentes nos discursos contemporâneos. Preferimos contar com referências seguras, direções claras, metas sólidas e inequívocas. Apesar disso, hoje são poucos os que se atrevem a negar que a instabilidade e a transitoriedade se transformaram em "marcas" do nosso tempo. Já não é mais possível desprezar tais afirmações como se elas se constituíssem numa ladainha rezada por intelectuais pós-modernistas, uma espécie de mantra que tem o poder de desmobilizar e que, por isso, deve ser exorcizada do campo educacional. De formas muito concretas, temos sido lançados a situações absolutamente imprevisíveis, algumas trágicas, outras fascinantes, quase todas inexplicáveis. Mais do que nunca nos percebemos vulneráveis, sem qualquer preparo para enfrentar os choques e os desafios que aparecem de toda parte.
Que fazer? A muitos talvez pareça mais prudente buscar no passado algumas certezas, algum ponto de estabilidade capaz de dar um sentido mais permanente e universal à ação. O ritmo e o caráter das transformações podem, contudo, converter esse recuo em imobilidade. Para outros — e aqui pretendo me incluir — a opção é assumir os riscos e a precariedade, admitir os paradoxos, as dúvidas, as contradições e, sem pretender lhes dar uma solução definitiva, ensaiar, em vez disso, respostas provisórias, múltiplas, localizadas. Reconhecer, como querem os/as pós-modernistas, que é possível questionar todas as certezas sem que isso signifique a paralisia do pensamento, mas, ao contrário, se constitua em fonte de energia intelectual e política.
Este ambiente de transformações aceleradas e plurais, que hoje vivemos, parece ter se intensificado desde a década de 1960, possibilitado por um conjunto de condições e levado a efeito por uma série de grupos sociais tradicionalmente submetidos e silenciados. As vozes desses sujeitos faziam-se ouvir a partir de posições desvalorizadas e ignoradas; elas ecoavam a partir das margens da cultura e, com destemor, perturbavam o centro. Uma outra política passava a acontecer, uma política que se fazia no plural, já que era — e é — protagonizada por vários grupos que se reconhecem e se organizam, coletivamente, em torno de identidades culturais de gênero, de raça, de sexualidade, de etnia. O centro, materializado pela cultura e pela existência do homem branco ocidental, heterossexual e de classe média, passa a ser desafiado e contestado. Portanto, muito mais do que um sujeito, o que passa a ser questionado é toda uma noção de cultura, ciência, arte, ética, estética, educação que, associada a esta identidade, vem usufruindo, ao longo dos tempos, de um modo praticamente inabalável, a posição privilegiada em torno da qual tudo mais gravita.
"Novas" identidades culturais obrigam a reconhecer que a cultura, longe de ser homogênea e monolítica, é, de fato, complexa, múltipla, desarmoniosa, descontínua. Muitos afirmam, com evidente desconforto, que essas novas identidades "ex-cêntricas" passaram não só a ganhar importância nestes tempos pós-modernos, como, mais do que isso, passaram a se constituir no novo centro das atenções. Não há como negar que um outro movimento político e teórico se pôs em ação, e nele as noções de centro, de margem e de fronteira passaram a ser questionadas. É preciso, no entanto, evitar o reducionismo teórico e político que apenas transforma as margens em um novo centro. O movimento não pode se limitar a inverter as posições, mas, em vez disso, supõe aproveitar o deslocamento para demonstrar o caráter construído do centro — e também das margens! É necessário admitir, ainda, que o questionamento de sistemas e instituições, práticas e sujeitos solidamente estabelecidos na posição central, que hoje é levado a efeito, não implica negar que o centro permanece como uma atraente ficção de ordem e de unidade. O importante é reconhecer que isso se constitui numa ficção. A universalidade e a estabilidade deste lugar central resultam de uma história que tem sido constantemente reiterada — e por isso parece tão verdadeira — do mesmo modo que a posição do ex-cêntrico não passa de uma elaboração que integra esta mesma história.
Há uma estreita articulação entre os movimentos sociais dos anos 60 e o pós-modernismo.  É nesta perspectiva que pretendo desenvolver minha análise sobre a constituição de diferenças e identidades de gênero e sexuais e, mais especificamente, sobre as formas como esse processo vem se expressando no campo do currículo.
Uma noção singular de gênero e sexualidade vem sustentando currículos e práticas de nossas escolas. Mesmo que se admita que existem muitas formas de viver os gêneros e a sexualidade, é consenso que a instituição escolar tem obrigação de nortear suas ações por um padrão: haveria apenas um modo adequado, legítimo, normal de masculinidade e de feminilidade e uma única forma sadia e normal de sexualidade, a heterossexualidade; afastar-se desse padrão significa buscar o desvio, sair do centro, tornar-se excêntrico.
Conforme registra o dicionário, excêntrico é aquele ou aquilo que está fora do centro; é o extravangante, o esquisito; é, também, o que tem um centro diferente, um outro centro. Jogar com acepções dicionarizadas das palavras pode se mostrar um exercício interessante: pode nos ajudar a pensar sobre as formas como se estabelecem as posições-de-sujeito no interior de uma cultura — e, consequentemente, pode nos ajudar a pensar sobre as formas como a escola e o currículo realizam sua parte neste empreendimento.
A posição central é considerada a posição não-problemática; todas as outras posições-de-sujeito estão de algum modo ligadas — e subordinadas — a ela. Tudo ganha sentido no interior desta lógica que estabelece o centro e o excêntrico; ou, se quisermos dizer de outro modo, o centro e suas margens. Ao conceito de centro vinculam-se, frequentemente, noções de universalidade, de unidade e de estabilidade. Os sujeitos e as práticas culturais que não ocupam este lugar recebem as marcas da particularidade, da diversidade e da instabilidade. Portanto, toda essa "conversa" pós-moderna de provisoriedade, precariedade, transitoriedade etc. etc. só pode se ajustar às mulheres, aos negros e negras, aos sujeitos homossexuais ou bissexuais. A identidade masculina, branca, heterossexual deve ser, supostamente, uma identidade sólida, permanente, uma referência confiável.
Em coerência com esta lógica, em nossas escolas, as ciências e os mapas, as questões matemáticas, as narrativas históricas ou os textos literários relevantes sempre assumem tal identidade como referência. A contínua afirmação e reafirmação deste lugar privilegiado nos faz acreditar em sua universalidade e permanência; nos ajuda a esquecer seu caráter construído e nos leva a lhe conceder a aparência de natural. Todas produções da cultura construídas fora deste lugar central assumem o caráter de diferentes e, quando não são simplesmente excluídas dos currículos, ocupam ali a posição do exótico, do alternativo, do acessório.
Não há mais novidade em tais afirmações. Já há algumas décadas o movimento feminista, o movimento negro e também os movimentos das chamadas minorias sexuais vêm denunciando a ausência de suas histórias, suas questões e suas práticas nos currículos escolares. A resposta a essas denúncias, contudo, não passa, na maioria dos casos, do reconhecimento retórico da ausência e, eventualmente, da instituição, pelas autoridades educacionais, de uma "data comemorativa": o "dia da mulher" ou "do índio", a "semana da raça negra" etc. Como resultado, escolas infantis e cursos fundamentais reservam alguns momentos para "contemplar" esses sujeitos e suas culturas, enquanto professoras e professores bem intencionados se esforçam para listar as "contribuições" desses grupos para o país — sua parcela na formação da música ou da dança, sua colaboração nas atividades econômicas ou nas artes etc.
Nas escolas secundárias e superiores, reveste-se o evento com as roupagens adequadas para a faixa etária correspondente: promove-se um ciclo de palestras, convida-se um "representante" da minoria em questão ou se passa um filme seguido de um debate e, com tais providências, dá-se por atendida a tal ausência reclamada. As atividades — sejam quais forem os objetivos ou intenções declarados — não chegam a perturbar o curso "normal" dos programas, nem mesmo servem para desestabilizar o cânon oficial. Momentaneamente, a Cultura (com C maiúsculo) cede um espaço, no qual manifestações especiais e particulares são apresentadas e celebradas como exemplares de uma outra cultura. Estratégias que podem tranquilizar a consciência dos planejadores, mas que, na prática, acabam por manter o lugar especial e problemático das identidades "marcadas" e, mais do que isso, acabam por apresentá-las a partir das representações e narrativas construídas pelo sujeito central. Aparentemente se promove uma inversão, trazendo o marginalizado para o foco das atenções, mas o caráter excepcional desse momento pedagógico reforça, mais uma vez, seu significado de diferente e de estranho. Ao ocupar, excepcionalmente, o lugar central, a identidade "marcada" continua representada como diferente.
Uma estratégia mais desestabilizadora irá colocar em discussão esse tipo de representação. Problematizará, por exemplo, o fato de as mulheres serem denominadas de "o segundo sexo" (uma afirmativa que é, via de regra, consensual e indiscutível) e levará a analisar as narrativas — religiosas, históricas, científicas, psicológicas — que instituíram este lugar para o feminino. Tornará possível discutir o que implica, numa sequência qualquer, ser o segundo elemento; ou o que significa ser o primeiro, isto é, ser a identidade que serve de referência; ou, ainda, permitirá analisar as formas através das quais tal classificação se faz presente nas práticas sociais e culturais de qualquer grupo.
É possível avançar, deste modo, de uma perspectiva de "contemplação, reconhecimento ou aceitação das diferenças" para outra, que permite examinar as formas através das quais as diferenças são produzidas e nomeadas. A questão deixa de ser, neste caso, a "identificação" das diferenças de gênero ou de sexualidade, percebidas como marcas que pré-existem nos corpos dos sujeitos e que servem para classificá-los, e passa a ser uma questão de outra ordem: a indagação de como (e porque) determinadas características (físicas, psicológicas, sociais etc.) são tomadas como definidoras de diferenças. O movimento permite compreender, talvez de forma mais nítida, que toda e qualquer diferença é sempre atribuída no interior de uma dada cultura; que determinadas características podem ser valorizadas como distintivas e fundamentais numa determinada sociedade e não terem o mesmo significado em outra sociedade; e, ainda, que a nomeação da diferença é, ao mesmo tempo e sempre, a demarcação de uma fronteira.
Essa mudança mostra-se especialmente importante quando se trata de identidades de gênero e sexuais, já que põe em questão a sua naturalidade, ao acentuar o caráter cultural da masculinidade, da feminilidade, da homossexualidade ou da heterossexualidade. Isso não significa negar a materialidade desses sujeitos nem desprezar seus corpos e não significa, também, negar todo um conjunto de códigos, representações e práticas discursivas que são utilizados para sinalizar sua identidade. Implica compreender, sim, que são precisamente os discursos, os códigos, as representações que atribuem o significado de diferente aos corpos e às identidades. Judith Butler (1999, p. 153) diz que "a diferença sexual (...) não é, nunca, simplesmente, uma função de diferenças materiais que não sejam, de alguma forma, simultaneamente marcadas e formadas por práticas discursivas". As diferenças de gênero e de sexualidade que são atribuídas às mulheres ou aos sujeitos homossexuais sem dúvida se expressam materialmente, em seus corpos e na concretude de suas vidas, ao mesmo tempo em que são significadas e marcadas discursivamente. As diferenças têm efeitos materiais, evidentes, por exemplo, na impossibilidade ou nas dificuldades legais que homens e mulheres homossexuais têm de constituir família, de assumir a guarda de filhos ou de adotá-los, ou ainda de receber herança de seus companheiros e companheiras após a morte.Eu sinceramente espero que isso tudo mude depois do dia 5/5/11.
Os discursos produzem uma "verdade" sobre os sujeitos e sobre seus corpos, ao denunciarem, por exemplo, os malefícios da menstruação, associando-a à anemia e à tensão, e ao sugerirem, consequentemente, que mulheres "esclarecidas" evitem essa sistemática perda de sangue. Os discursos resultam num "saber", como o que afirma, por exemplo, que, diante de tragédias pessoais, as mulheres acionam zonas cerebrais diferentes e mais amplas do que aquelas acionadas pelos homens. Os discursos traduzem-se, fundamentalmente, em hierarquias que são atribuídas aos sujeitos e que são, muitas vezes, assumidas pelos próprios sujeitos. Por isso, para educadoras e educadores importa saber como se produzem os discursos que instituem diferenças, quais os efeitos que os discursos exercem, quem é marcado como diferente, como currículos e outras instâncias pedagógicas representam os sujeitos, que possibilidades, destinos e restrições a sociedade lhes atribui.
Nesta perspectiva, a diferença se constitui, sempre, numa relação. Ela deixa de ser compreendida como um dado e passa a ser vista como uma atribuição que é feita a partir de um determinado lugar. Quem é representado como diferente, por outro lado, torna-se indispensável para a definição e para a contínua afirmação da identidade central, já que serve para indicar o que esta identidade não é ou não pode ser. Assumir essa perspectiva teórica supõe, portanto, refletir sobre relações entre sujeitos e grupos, significa analisar conflitos, disputas e jogos de poder historicamente implicados nesses processos. Supõe, também, reconhecer que vários embates culturais são levados a efeito, cotidianamente, em muitas instâncias pedagógicas: não apenas na escola, mas também na mídia, no cinema, nas artes, nas campanhas de saúde, nos informes médicos, nos parlamentos, nos tribunais, etc.
Sob esta ótica, os apelos em prol da tolerância e do respeito aos diferentes também devem ganhar outra conotação: é preciso abandonar a posição ingênua que ignora ou subestima as histórias de subordinação experimentadas por alguns grupos sociais e, ao mesmo tempo, dar-se conta da assimetria que está implícita na idéia de tolerância. Associada ao diálogo e ao respeito, a tolerância parece insuspeita quando é mencionada nas políticas educativas oficiais ou nos currículos. Ela se liga, contudo, à condescendência, à permissão, à indulgência — atitudes que são exercidas, quase sempre, por aquele ou aquela que se percebe superior. A tolerância parece se inscrever, assim, numa ótica mais psicológica e individual e, como conseqüência, a meta consiste na mudança de atitude. Certamente não advogo, aqui, o monólogo ou a intolerância, mas sim a atenção crítica que desconfia da inocência das palavras e que põe em questão a suposta neutralidade dos discursos. Para além da mudança de atitude, a análise cultural estaria preocupada, neste caso, com a ação política coletiva.
Se o movimento teórico e político contemporâneo coloca em xeque as noções de centro, de margem e de fronteira, isso deve significar mais do que a aceitação e a tolerância do diferente ou até mesmo mais do que sua transferência da posição marginalizada para a posição central. O grande desafio talvez seja admitir que todas as posições podem se mover, que nenhuma é natural ou estável e que mesmo as fronteiras entre elas estão se desvanecendo. A não-nitidez e a ambigüidade das identidades culturais pode mesmo ser, às vezes, a posição desejada e assumida — tal como fazem, por exemplo, muitos jovens homens e mulheres ao inscrever em seus corpos, propositalmente, signos que embaralham possíveis definições de masculinidade e de feminilidade. Os corpos, como bem sabemos, estão longe de ser uma evidência segura das identidades! Não apenas porque eles se transformam pelas inúmeras alterações que o sujeito e as sociedades experimentam, mas também porque as intervenções que neles fazemos são, hoje, provavelmente mais amplas e radicais do que em outras épocas. Realizamos, todos, um investimento contínuo sobre nossos corpos: através de roupas, adornos, perfumes, tatuagens, cosméticos, próteses, implantes, plásticas, modelagens, dietas, hormônios, lentes... Tudo isso torna cada vez mais problemática a pretensão de tomá-los como estáveis e definidos. Tudo isso torna cada vez mais impossível a pretensão de tomá-los como naturais.
Se a instabilidade é perturbadora, mais ainda nos parecerá a existência daqueles sujeitos que ousam assumi-la abertamente, ao escolherem a mobilidade e a posição de trânsito como o seu "lugar". Para alguns grupos culturais, ser excêntrico significa abandonar qualquer referência à posição central. Não se trata de, simplesmente, se opor ao centro e, menos ainda, de aspirar a ser reconhecido por ele. Esses sujeitos não buscam ser "integrados", "aceitos" ou "enquadrados"; o que desejam é romper com uma lógica que, a favor ou contra, continua se remetendo, sempre, à identidade central. Assumem-se como estranhos, esquisitos, excêntricos e assim querem viver — pelo menos por algum tempo, ou melhor, pelo tempo que bem lhes aprouver.
Para o campo educacional, a afirmação desses grupos é profundamente perturbadora. Não dispomos de referências ou de tradições para lidar com os desafios aí implicados. Não podemos mais simplesmente "encaminhá-los" para os serviços de orientação psicológica para que sejam corrigidos, nem podemos aplicar-lhes um sermão para que sejam reconduzidos ao "bom caminho". Mas certamente é impossível continuar ignorando-os. Talvez tenhamos que admitir que sua presença é parte de nosso tempo. Sua "estranha" figura poderá (quem sabe?) nos ajudar a lembrar que as nossas "figuras" — as formas como apresentamos a nós próprios e aos outros — são sempre formas inventadas e marcadas pelas circunstâncias culturais em que vivemos. Sua figura "esquisita" exerce uma paródia de masculinidade ou de feminilidade e talvez nos leve a reconhecer o quanto todas as representações de gênero ou sexuais se fazem através de sinais e códigos culturais (afinal, nós — que usualmente nos consideramos tão "normais" — também usamos uma série de códigos, gestos, recursos para dizer quem somos, para nos apresentarmos e representarmos como mulheres e homens diante da sociedade).
Consideramos esses sujeitos irreverentes, desrespeitosos, quase iconoclastas por desacatarem normas ou por tornarem ridículos aspectos "sérios" de nossa cultura. Sua ambivalência nos desconforta e ameaça (e também nos fascina, devemos confessar!). Contudo, é preciso pensar que a paródia que exercem sobre as convenções, as regras, normas e preceitos da sociedade contemporânea se constitui numa importante forma de crítica. Uma crítica que problematiza e que, ao mesmo tempo, incorpora aquilo de que fala ou a que se refere, já que a paródia requer uma certa capacidade de se aproximar e até de se identificar com o que está sendo posto em questão.
Seus modos ousados, o deslocamento e a posição fronteiriça que parecem experimentar talvez lhes permita perceber a arbitrariedade de nossos arranjos sociais de formas inéditas, de formas como nós nunca os pensamos. Não se trata de atribuir a essa crítica um caráter de maior lucidez ou clareza — ela será tão parcial e localizada quanto qualquer outra. Seu mérito reside no fato de partir de uma posição não convencional, de uma posição praticamente inabitável e, por isso, capaz de suspeitar de arranjos e de práticas intocáveis. De qualquer forma, o que deve nos interessar é o fato de que eles estão nos dizendo coisas, de que eles são integrantes da sociedade em que vivemos e, além disso, o fato de que, de uma forma ou de outra, eles estão em nossas escolas. Não podemos deixar de lhes prestar atenção.
Talvez seja mais produtivo para nós, educadoras e educadores, deixar de considerar toda essa diversidade de sujeitos e de práticas como um "problema" e passar a pensá-la como constituinte do nosso tempo. Um tempo em que a diversidade não funciona mais com base na lógica da oposição e da exclusão binárias, mas, em vez disso, supõe uma lógica mais complexa. Um tempo em que a multiplicidade de sujeitos e de práticas sugere o abandono do discurso que posiciona, hierarquicamente, centro e margens em favor de outro discurso que assume a dispersão e a circulação do poder. Não eliminamos a diferença, mas, ao contrário, observamos que ela se multiplicou — o que nos indica o quanto ela é contingente, relacional, provisória. A diversidade nos demonstra, mais do que nunca, que a história e as lutas de um grupo cultural são atravessadas e contingenciadas por experiências e lutas conflitantes, protagonizadas por outros grupos. Por isso temos de aprender, nesses tempos pós-modernos, a aceitar que a verdade é plural, que ela é definida pelo local, pelo particular, pelo limitado, temporário, provisório.
Temos de aprender a ser modestos e, ao mesmo tempo, a estarmos atentos em relação ao caráter político de nossas ações cotidianas. Precisamos prestar atenção às estratégias públicas e privadas que são postas em ação, cotidianamente, para garantir a estabilidade da identidade "normal" e de todas as formas culturais a ela associadas; prestar atenção às estratégias que são mobilizadas para marcar as identidades "diferentes" e aquelas que buscam superar o medo e a atração que nos provocam as identidades "excêntricas". Precisamos, enfim, nos voltar para práticas que desestabilizem e desconstruam a naturalidade, a universalidade e a unidade do centro e que reafirmem o caráter construído, movente e plural de todas as posições. É possível, então, que a história, o movimento e as mudanças nos pareçam menos ameaçadores.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Doação.....Isso é Amor

Faça uma reflexão em sua vida e pergunte-se se você exercita o amor incondicional. O verdadeiro amor não coloca condições, não coloca distâncias, não coloca empecilhos. 

O amor verdadeiro é livre, livre do ego, da vaidade, de querer atender a si mesmo. É altruísta. Pensa no outro antes de si mesmo. E coloca toda a sua atenção naquilo que ama. Sem apego! É todo ouvido, todo coração, braços e mãos, pernas e pés. É todo olhos, sentidos. É inteiro naquilo que é. O amor incondicional se entrega, não conhece o medo. Se este se aproxima, anula-o em função de algo maior. O amor é coragem, é a força que anima a alma. O amor é alegria e não cansaço! O amor verdadeiro não conhece a palavra ?meu?, porque entende que o outro é um ser individual e que somente entrando em ?seu? coração, pode compreender e partilhar. O amor não é o que é por expectativas. Não é temporal. É permanência, fluidez. Não conhece a culpa. Conhece a desculpa, o perdão. Porque é livre de julgamentos e condenações Aproxima, ao invés de afastar. Fala baixo, ao invés de gritar. Porque a nada e a ninguém quer impor-se. O amor incondicional é mais ouvidos do que verbo. É mais gestos que palavras. O amor vai onde a necessidade está, onde há o vazio. Não escolhe, por vezes, aquilo que agrada a si mesmo, mas onde é útil o seu coração. Sabe que os excessos são prejudiciais e conhece as medidas certas de se doar, sem invadir o outro. O amor incondicional transforma. É príncipe da tolerância e do respeito, guerreiro sem armas de fogo, força da suavidade e compaixão honesta, caridade profunda. Vai além de seus próprios problemas, porque reconhece que os outros também os têm. Questione-se de suas expectativas mediante àqueles que você diz amar; se você os ama somente quando o agradam; se você é capaz de amar quando ninguém é capaz de fazer o mesmo. Pergunte-se se você é capaz de ser luz na escuridão, de sorrir quando o outro é agressividade; se sabe respeitar o livre arbítrio alheio, e não somente o seu e se é capaz de não impor a sua verdade e compreender a verdade alheia. Será que você é capaz de entrar no coração de seu filho, irmão, companheiro ou companheira, amigo ou patrão ou vizinho? Você se permite conhecer um desconhecido ou então conhecer a fundo aqueles a quem acha que já conhece há tempos? É capaz de olhar além das aparências e do superficial e se deixar enxergar o que somente o coração é capaz? Será que é capaz de deixar de aleijar as pessoas que ama e ajudá-las a aprenderem a andar? Pergunte-se se é capaz de compreender que desapegando-se daqueles que ama, você caminha lado a lado com eles. Você os olha na mesma altura dos olhos. Você os sente com a mesma batida do coração. Perceba que você não é menos ou mais do que aqueles que o geraram, de que você não é menos ou mais do que aqueles que o contrataram. Deixe de lado suas pobres expectativas ou suas frustrações, ou suas ilusões Experimente somente estar presente. Sentir, ao invés de rotular a si e ao outro Experimentar o amor ao invés da lamentação. Ser grato por tudo o que é, por tudo o que agora lhe serve. Experimente as dimensões de seu coração em sua totalidade! Quem acha fazer um favor (condicional) oferece um empréstimo. Quem ama incondicionalmente faz uma doação.  


Sim, filhos, África. Nem mesmo o Brasil é tão tosco a este ponto (acho). Mais de dez lésbicas são violentadas por semana apenas na Cidade do Cabo, África do Sul. Se antes lá o problema era o apartheid, agora o lance é virar a bateria contra homossexuais, coisa muito normal em países "civilizados". De acordo com a Luleki Sizwe — uma organização de apoio a vítimas de violência sexual — muitos outros casos não são relatados ou porque as vítimas têm medo que a polícia as ridicularize ou que seus agressores voltem a procurá-las.

No mundo politicamente correto, não podemos dizer o quanto os países africanos parecem viver na pré-história. Ao invés de reconhecerem as mazelas de lá, algum tosquinho mequetrefe virá me xingar de intolerante, posto que eu aponto a selvageria que ocorre naquelas bandas. Como se já não bastasse correrem atrás de albinos para fazerem poções mágicas ou de mulheres que têm gêmeos (sendo bruxa por causa disso), agora o alvo é tentarem "consertar" lésbicas. Não, não me pergunte que sentido tem isso.
Na mente insana daqueles idiotas, as lésbicas não são escoceses, digo, mulheres de verdade. Isso fere a masculinidade dos machões que pensam (modo de falar) que a saída é estuprá-las. Dentro da azeitona que eles chamam de "cérebro", estuprar uma lésbica as fará ver como é bom o… a… o… bem, como é bom as partes anatômicas masculinas. Assim, elas largarão de correr atrás de outro rabo de saia, preferindo seres másculos, inteligentes, bem apessoados e charmosos como os próprios estupradores; com isso, elas virarão heterossexuais, "curando-se" do mal vindo de Lesbos (que com certeza aquela gentinha não faz a menor ideia do que seja).
Pouquíssimos casos de agressões contra lésbicas resultaram em condenações judiciais. Ninguém sabe ao certo quantos dos 50 mil casos de estupro reportados anualmente na África do Sul são cometidos contra homossexuais, já que a orientação sexual das vítimas não é registrada, e ninguém se importa. A polícia trata com desdém, a Justiça pouco se dá e o populacho, se bobear, até é a favor dos estupradores. Está em debate a adoção de penas mais duras para casos em que a orientação sexual da vítima seja um fator determinante no crime, mas em minha opinião isso não dará em nada.
O ódio e a intolerância é algo presente em boa parte das pessoas; o que elas fazem é dirigir seu despeito e seu ódio contra alguma coisa, nem que seja a cor da pele, opção sexual, time de futebol, religião etc. Se você achou que a África do Sul estava melhorando,pode voltar pra cama e chorar, pois a situação lá não vai mudar tão cedo.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Amar ...para que Rotular?

Depois de toda discussão sobre a lei da união homoafetiva resolvi me pronunciar. Como vocês mesmo devem já terem percebido, eu não sou do tipo que se omite, muito menos que fica em cima do muro. Então, serei  breve no que tenho a dizer quanto a esta questão.
Em primeiro lugar, percebo que Jesus de Nazaré se coloca em defesa das minorias. Desde os direitos das mulheres, defendido por Jesus em uma sociedade patriarcal – logo machista – até os direitos dos negros defendidos pelo pastor Martin Luther King Jr., fica perceptível a luta por parte dos que se dizem seguidores do evangelho para dar voz e vez às minorias perseguidas e marginalizadas.
Nada é mais emblemático do que o diálogo de Jesus com a mulher samaritana. “Dá-me de beber”, diz o Galileu. A surpresa foi tamanha que a mulher responde: “como sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?” Como pode uma mulher, samaritana, tendo vivido com vários maridos e, então, amancebada com o último, dar de beber ao próprio Deus?
Simples. Jesus não estava preocupado com sua reputação diante dos sacerdotes de plantão, nem mesmo de seus discípulos – que também não viram com bons olhos o gesto de seu mestre. O seu compromisso não era com a reputação, mas sim com a justiça e a dignidade humana. E nós que nos afirmamos seguidores dEle deveríamos fazer o mesmo.
Em segundo lugar, entendo que o evangelho é a filosofia do amor contra qualquer indiferença. Como diria Lulu Santos, deveríamos considerar “justa toda forma de amor”, ou ainda nas palavras de Milton Nascimento e Caetano Veloso “qualquer maneira de amor vale amar; qualquer maneira de amor vale a pena; qualquer maneira de amor valerá”. Contudo, não é este o entendimento que configura a concepção da maioria dos religiosos sobre o assunto. Pelo contrário, expressam-se com ojeriza, de uma forma a repulsar ostensivamente toda manifestação amorosa que não se enquadre no padrão estabelecido tradicionalmente por seus moldes pretensamente inquestionáveis.
Nunca vi tanto ódio sendo destilado por pessoas do meio evangélico, que se dizem defensoras do amor incondicional de Deus. Escondendo-se por trás de um discurso do “amo o pecador, mas odeio o pecador”, se acham no direito de julgar, demonizar, “crucificar”.
Assumem o papel de juiz e de modo desumano querem a qualquer preço separar o que é “joio e o que é trigo”, e dar a palavra final sobre a vida e espiritualidade das pessoas. Sendo assim, poderíamos ser reconhecidos como a religião do amor, se nossas práticas só refletem ódio e guerra? Ao que parece, existe é certo prazer sádico em condenar ao inferno…
E em terceiro lugar, a luta pela justiça é algo que deve garantir o bem estar de todos independentemente de raça, crença ou sexualidade. Jesus, em seu mais famoso sermão nos ensina que “bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão saciados” (Mateus, 5:6). Em outras palavras, a justiça deveria ser algo tão imprescindível para nós quanto à vontade de comer! Fome de justiça!
Contudo, o que parece latente no movimento evangélico é que a “luta pela justiça” só deve ser perseguida se esta incorrer em benefício particular de alguma forma… algo totalmente mesquinho e anticristão, uma vez que no cristianismo o princípio fundamental que nos identifica é a busca do bem estar do outro (“eu vim para servir, e não para ser servido”).
Esquecem-se (ou por ignorância não sabem) que a justiça não está a favor de um grupo, ou uma classe social, raça, partido político, etc. Não se pode falar de promoção da justiça sem falar de respeito e na igualdade de todos os cidadãos. Todavia, isso só pode ser possível por intermédio da preservação dos direitos em sua forma legal e da sua aplicação.
Antes de sermos negros, gays, evangélicos, petistas, amarelos, viúvos, crianças, budistas, mulheres, velhos, ou qualquer outro rótulo que nos classifique e nos distinga, somos seres humanos criados à imagem e semelhança de Deus, cidadãos com deveres e direitos que devem ser garantidos para o bem estar de todos e o exercício da cidadania. Todos nós temos (ou deveríamos ter) o direito de nascer, comer, estudar, morar com dignidade, casar, descasar, ir, vir, expressar-se, etc. Essa é a nossa luta! Garantir que todos possam exercer seus direitos na sua plenitude. Nisso fazemos justiça e somos saciados!
sei que causarei o repudio de muitos e tantos outros me rotularão de herege. Não me incomodo com isso. Meu compromisso não é com uma tradição engessada que não ousa reinventar-se historicamente, e sim com a justiça, o amor e o evangelho de Jesus que não faz acepção de pessoas.



terça-feira, 26 de julho de 2011

All The Lovers - Kylie

VÓTERNIDADE

Nesta terça-feira (26) é comemorado o Dia dos Avós. E aquela imagem da vovó com xale nas costas e cobertor nas pernas está cada vez mais perdida no tempo e no imaginário das pessoas. Tricotar, costurar e cozinhar, não são privilégios de vovós, são atividades para quem gosta, tendo ou não netos.
As vovós de hoje em dia são modernas, antenadas, comem no fast food com os netos e curtem filmes de ação, além de apresentarem aos netos boas músicas, as músicas de “antigamente”, como os Beatles e Rolling Stones, Chico Buarque e Zeca Baleiro, Cássia Eller e Elis Regina.
Preferências musicais à parte, nem toda a modernidade do mundo tira das vovós o sentimento tão peculiar de revisitar a própria maternidade numa versão mais serena e amadurecida. Dizem que uma avó é uma “mãe com açúcar”.
Sem modelos prontos
Muito se fala a respeito das delícias de não ter compromisso com a educação dos netos, que se ama mais o neto que o próprio filho, que avó é feita para fazer as vontades e mimar os netos. E quando a realidade do casal é ter uma avó morando na mesma casa, dizem que é a avó quem vai educar as crianças, privando os pais de seu papel ou de sua autoridade.
Claro que não existe um modelo pronto de avó ideal. Mas, definitivamente, depois de filhos criados, ter um bebê na família é tudo de bom. Porque o que conta mesmo no caso da “voternidade” é o “açúcar” extra que vai na relação com os netos.
A voternidade é uma reedição muito melhorada da maternidade. A experiência adquirida dá às avós uma destreza tranquila junto das crianças no trato do dia-a-dia, nas pequenas doenças, no susto do primeiro tombo. As vovós acalmam os pais, ensinam com as atitudes como agir em situações de emergência e amenizam as orientações rígidas das cartilhas do tipo “Como educar seu filho”, levando mais serenidade à nova família.
Paciência extra
Para o neto, a vovó é um doce. Ninguém tem mais paciência do que a avó: paciência com o choro, paciência para convencer a experimentar só um pedacinho daquela comida esquisita e não se importar se a criança se negar a comer, paciência para responder a todos os “por quê?” sem se irritar… Paciência, sim, porque quem é que aguenta contar a mesma história dez vezes sem pular nenhum pedacinho e fazendo as mesmas caretas e entonações de voz, senão a vovó? Quem se importa de ter que enxugar o banheiro com a farra da água na hora do banho? A vovó é que não se importa! E cá entre nós, poder se sentir assumidamente “ridícula” voltando a ser criança junto dos netos é maravilhoso, porque para eles a avó que faz palhaçadas é que entende de criança!
Entusiasmo renovado
O vínculo afetivo se agiganta a cada encontro, a cada gargalhada, a cada brincadeira nova que a vovó propõe. Porque embora ela já conheça de cor e salteado cada fase do bebê e da criança, também se surpreende com as reações dos netos como se fosse a primeira vez que as vê. E as avós tem o poder de esquecer que acabaram de ver uma gracinha para poderem rir tudo de novo e com o mesmo entusiasmo!
As avós são sábias porque tem certeza de que podem aprender com seus netos. Não existe nelas a ilusão de que sabem tudo como ocorria quando elas se tornaram mães. Estão sempre prontas para aprender uma gíria nova e a divertir os pequenos com sua espalhafatosa ignorância diante de um personagem de desenho desconhecido para elas ou diante do monstro do controle remoto da televisão nova.
Uma vovó pode quase tudo quando entra no espírito da “voternidade”:
  • Desaparece com um simples pano de prato na cabeça
  • Faz os biscoitos ganharem vida quando saem do forno com formato de rostos e bichinhos
  • Vira aluna quando deixa o neto ensinar que a roupa dele não pode caber nela
  • Conta segredos como ninguém quando revela que o papai também chupava chupeta e… Que incrível, ele também já foi daquele tamanhinho!
  • Se transforma em fada quando depois de deixar o neto ou a netinha misturar ovos, leite, farinha e açúcar, apresenta o bolo como obra deles.
É muito simples ser avó, basta desejar se divertir trazendo à tona a criança eterna que mora em você. Basta se deixar capturar pela inocência e por esses seres tão únicos, os filhos de nossos filhos queridos.
Quero agradecer a minha Filha Aline Moreira, por ter me presenteado com a vinda de minha jóia Ana Alice


segunda-feira, 25 de julho de 2011

Na imensidão de nosso continente ecoa, a cada 25 de julho, As vozes das mulheres negras

As mulheres negras são as mais afetadas quando os assuntos estão relacionados à violência e remuneração salarial




Há 18 anos era criado o Dia Internacional da Mulher Negra na América Latina e no Caribe. Porém, em 2010, ano em que completa a sua maioridade, a data continua a ser nada mais do que um registro simbólico de que ainda é preciso lutar pelo desenvolvimento daquelas que, segundo os dados atuais do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), recebem salário inferior aos homens, têm maior presença no mercado informal e ainda enfrentam dupla jornada de trabalho, graças ao afazeres domésticos.
O dia 25 de julho foi escolhido durante o Primeiro Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em Santo Domingo, capital da República Dominicana, em 1992. Na capital baiana, a data também já faz parte do calendário oficial desde 2008, instituída através da Lei 7.440, o que para Deise Queiroz, coordenadora na Bahia da Articulação Nacional das Negras Jovens Feministas (ANNJ), foi uma grande vitória porque ‘demarcou’ uma trajetória. 

“Essa demarcação não é uma separação do dia 8 de março, que também é uma data de extrema importância, mas passou a existir para dizer que tem um grupo de mulheres com uma luta que não é separada, mas que é diferenciada. A gente sabe que a mulher negra tem a menor taxa de escolarização, o menor acesso ao nível superior, o maior número de mortes por aborto, mas, além de fazer essas denúncias, temos de lembrar que existem histórias de mulheres negras bem sucedidas”, destacou.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada em 2007, mostra que as mulheres representam 52,4% da população da Região Metropolitana de Salvador (RMS), um total de 1.545.137. Sendo que, destas, aproximadamente 81,9% são negras e pardas. Mas, mesmo sendo maioria, em Salvador, as negras são as que mais sofrem como a questão salarial.

Existe uma diferença significativa entre a remuneração da mulher branca e o da mulher negra na capital baiana. A primeira recebe em média, 4,6 salários mínimos, enquanto a segunda, apenas 1,9 salário mínimo, de acordo com os dados do levantamento da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, feita com base na Pesquisa Mensal de Emprego, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no período de julho a setembro de 2005. O trabalho doméstico é uma das principais formas de inserção das negras no mercado de trabalho.

"Gostaria que as mulheres se apoderassem mais dos seus direitos"


Uma pesquisa feita pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) indica que 40% das mulheres sofrem violência física. Em alguns países das regiões o índice pode chegar a 60% quando a violência é do tipo psicológica.

PremiaçãoNo próximo 30 de julho, 45 mulheres negras serão homenageadas com o troféu Edialêda Salgado, no Auditório Anexo ao Palácio da Aclamação. A comemoração pelo Dia Municipal da Mulher Negra terá como tema este ano: "Mulher Negra: Empoderamento e Auto Estima.  Das premiadas, 30 serão indicadas por repartições municipais e 15 pela população. Para participa, acesse o site  www.mulhernegra.salvador.ba.gov.br. Os interessados tem até hoje para votar.

                              Negras que fizeram e fazem a diferença no Mundo
Angela Davis
Angela Yvonne Davis foi uma filósofa estadunidense que nasceu em 1944 se tornou ‘famosa’ mundialmente a década de 1970 por ser uma militante do “Panteras Negras”, onde lutou contra a discriminação social e racial nos Estados Unidos. Ela ainda protagonizou um dos mais polêmicos julgamentos criminais da história americana. Davis foi a terceira mulher a integrar a lista dos dez fugitivos mais procurados do FBI. Ela chegou a ser presa, mas seu julgamento durou dezoito meses, levando a tona debates sobre a condição negra na sociedade americana. 

Lélia Gonzales
Uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU), do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras do Rio de Janeiro (IPCN-RJ), do Nzinga Coletivo de Mulheres Negras, do Olodum, em Salvador. A penúltima de 18 irmãos e filha de a mãe indígena, participou da primeira composição do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), de 1985 a 1989. Lélia foi autora do livro “Festas Populares no Brasil”, premiado na Feira de Frankfurt. Nos seus últimos dias de vida, quando tinha apenas 59 anos, a antropóloga mineira foi eleita chefe do Departamento de Sociologia, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro.


A juíza Luislinda Valois, a socialista Angela Davis e a fundadora do MNU, Lélia Gonzales

Edialeda Salgado
Foi a primeira mulher negra a ocupar uma secretaria de Estado no Brasil. Figura determinante no movimento de conquistas das mulheres negras, a médica ginecologista organizou o I Congresso de Mulheres Negras das Américas realizado no Equador no ano de 1984. A ativista que fez parte do Gabinete Civil do presidente João Goulart, morreu em janeiro de 2010, vítima de infarto.

Luislinda Valois
A filha de uma lavadeira e de um motorneiro de bonde se tornou, em 1984, a primeira juíza negra do Brasil, e ainda proferiu a primeira sentença contra racismo no país. Nove anos depois, saiu em defesa da empregada doméstica Aíla de Jesus, que foi acusada injustamente de furto por uma grande rede de supermercados. A sua cliente foi indenizada. Aos 67 anos, lançou o seu primeiro livro, “O negro no século XXI”.

Ultraje a Rigor - Ciúme

O Ciúmes e suas complicações no Psiquismo

O ciúme, sentimento difícil de definir, pode ser considerado normal ou patológico. Para se ser ciumento(a) é preciso ser perseverante no objeto do amor e é preciso um grau importante de frustração nesta intenção de amar. O individuo julga sem muita base que não é correspondido(a) e começa a desenvolver uma cascata de sentimentos torturantes que o levam a sentir raiva, mas não poder manifestá-la, a sentir temor e não poder fugir, a querer se impor e ter medo de perder, a querer não sentir e ficar mais confuso.
Da fé no amor chega ao desespero...
Por isso, o ciúme é considerado um demônio perturbador e desestruturante da personalidade onde o indivíduo vive o que acha que é, mas não tem certeza, mas que também não pode ser de outra forma. Não há ciúme sem inveja e insegurança. O ciumento por amor a vida deseja amar e se não o consegue passa a agredir-se e a agredir o seu companheiro sem racionalizar, embora se considere culturalmente um sentimento feminino, os homens são MUITO ciumentos.
O não-ciumento sabe o que eu estou falando...
O que gera o ciúme é o desejar... O que alimenta o ciúme é o frustrar-se. Gostaria de trazer para reflexão cinco comportamentos ciumentos destrutivos:
Primeiro: Ciumento(a) queixoso(A)
É aquele(a) que implora, falando ou em silêncio, o amor que pensa não receber. Usa de agressividade com pitadas de covardia, pois se esmera em ofender dissimuladamente.
Sente-se ofendido/a  e frustrado/a e é capaz de interpretar um papel, com cena e tudo, para demonstrar sua
insatisfação.
Segundo: Ciumento(a) trombudo(a)
Introvertidos(as) e desconfiados(as) por natureza, demonstram grande imaturidade afetiva, ficando “de tromba” quando o companheiro(a) não corresponde. Usa o silêncio e a frieza para revidar a não correspondência. Faz greves intermináveis. Sua atitude de fuga o torna um ciumento(a) crônico(a), pois não se confronta com o motivo que o faz ressentir-se.
Terceiro: Ciumento(a) recriminante
Com o dedo em riste, este ciumento(a), meio maníaco(a), meio(a) paranóico(a), explica minuciosamente os motivos de suas desconfianças. Se sente prejudicado(a) por não ser amado(A) como gostaria. Acusa e faz vexame em público. Usa frases insultantes, agressivas e são chamados de imperialistas do amor.
Não admitem que o seu par seja daquele jeito, que o ame daquela maneira, tem de ser como ele(a) quer. Policia o comportamento e as atitudes do companheiro(a), e este “coitado(a)” vive eternamente num salto alto. Intimida e usa o ciúme como uma arma para justificar sua agressividade.
Quarto: Ciumento(A) autopunitivo(A)
É o ciumento(a) que se sente infeliz por amar. Inflige-se a própria tortura da desconfiança e se pune se afastando de quem gosta. Dispõe-se a desaparecer se for preciso. Deixa de comer e tenta o suicídio de maneira QUE NÃO MORRA. Cria todas as facilidades para que o outro o traia, para dizer que “a culpa é sua”, criando uma armadilha para o outro(a).
           
Quinto: Ciumento(A) vingativo(A)
Este é da época de Moisés: “Olho por olho, dente por dente”. Pensa: “Me traiu... me aguarde”. Se sente abandonado, restitui o sofrimento que se julga vítima, compete com o par e imagina represálias para punir a quem julga amar. A frase para este ciumento: 
“Aqui jaz o cadáver do amor”.
Quer saber.....To de saco cheio de pessoas assim.....
Viva la Vida e me Errem.

domingo, 24 de julho de 2011

O efeito devastador da Pior Droga do século....Crystal

Instituto Ludwig von Mises Brasil
http://www.mises.org.br


O que explica a metanfetamina cristal?
por Mark Thornton, terça-feira, 14 de junho de 2011

N. do T.: Notícias recentes indicam que a versão cristal da metanfetamina já chegou ao Brasil.  Dentre os efeitos causados por essa droga estão arritmias cardíacas, insônia, irritabilidade e agitação nervosa.  Pode-se também observar dor abdominal, náuseas, vômito, diarréia, anorexia, perda de peso, constipação, diminuição da função sexual, alterações na libido, disfunção erétil, fraqueza, cefaléia, hiperidrose, taquicardia, visão turva, tonturas, infecção urinária e secura na boca.  Em casos mais raros, também se observa um estado mental alterado, enfarte do miocárdio, dermatite alérgica, exantema, ansiedade, cardiomiopatia, acidente vascular encefálico (AVE), dor no peito, depressão, febre, hipertensão, alterações de humor e psicose.
Como uma droga tão destruidora consegue encontrar adeptos?
A economia explica.
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 A maioria das pessoas jamais viu a metanfetamina vendida como droga, conhecida como cristal; fala-se muito no noticiário, mas quantas pessoas de fato conhecem alguém que é usuário de metanfetamina?
A droga atende por vários nomes: metil anfetamina, N-metil-anfetamina, desoxiefedrina, metodona de cristal ou simplesmente 'met'.
Independentemente de como seja chamada, a  etanfetamina é simplesmente uma das mais perigosas e viciosas drogas existentes no mercado negro atual.
A metanfetamina existe desde 1893 e, atualmente, é permitida por várias agências governamentais para o tratamento da obesidade e do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).  Como se pode explicar seu recente surto de popularidade como droga recreativa?  Por que um indivíduo escolheria utilizar uma droga que é amplamente conhecida -- até mesmo por seus usuários -- por ser uma das drogas mais perigosas e difíceis de ser abandonadas dentre todas as drogas ilegais?  Pode ser algo surpreendente para alguns leitores, mas a ciência econômica pode fornecer a melhor resposta para essas perguntas desnorteantes.  Porém, antes de entendermos a economia por trás das decisões individuais de se utilizar o cristal, precisamos antes nos certificar de que já fomos apropriadamente apresentados a essa droga e aos seus usuários.
Pode parecer estranho o fato de a mesma substância química utilizada na forma de tabletes por milhões de soldados nazistas (por falar em Blitzkrieg...) possa ser também uma droga de rua tão popular.   O motivo de ela ser utilizada "recreativamente" é que, altas doses, ela produz uma reação de euforia que inclui um aumento da vivacidade e da sensação de alerta, um aumento da energia, da autoestima e até mesmo do apetite sexual -- sendo que tudo isso pode durar até 12 horas.  Dentre os inevitáveis efeitos colaterais do pós-efeito estão a fadiga e a depressão.  Não surpreendentemente, a droga também é considerada altamente viciante.
Para evitar esses sintomas da abstinência, alguns usuários se entregam a farras em que consomem a droga por dias ou até semanas seguidos.  Isso, entretanto, apenas faz com que o período de abstinência que virá depois seja ainda maior e mais doloroso.  Usuários antigos podem sofrer danos fisiológicos, psicológicos e neurológicos que perduram até muito tempo após o fim do período de abstinência.  Os efeitos de longo prazo também incluem depressão, suicídio e ataques cardíacos.
Um efeito particularmente doloroso e debilitante do uso de longo prazo do cristal é conhecido como "boca de metanfetamina" (meth mouth).  Essa condição envolve a degradação dos dentes e gengivas do usuário.  O uso prolongado pode resultar na descoloração e perda prematura dos dentes.  Eles se tornam desfigurados e desgastados, assumindo um aspecto mórbido de "dentes moídos".  Os nervos ficam expostos.  As gengivas do usuário também assumem um aspecto mórbido, apresentando frequente sangramento, o que acelera a perda dos dentes.  Especula-se que esse aspecto bucal seja resultado de uma higiene ruim e de uma dieta pobre combinadas com os efeitos da droga (o fenômeno da boca seca gerado pela droga) e com o desgaste dental autoinfligido pelo usuário.  Em casos severos, o estrago é irreversível.  O resultado não é nada bonito.
O número total de usuários de cristal é relativamente pequeno; entretanto, nos EUA, pessoas que trabalham em centros de reabilitação, prontos-socorros e necrotérios são obrigadas a lidar com essa droga incrivelmente devastadora -- ou com suas vítimas -- diariamente. 
Essa breve introdução à metanfetamina em sua versão cristal, e de como ela funciona, foi necessária para garantir que todos nós estejamos integrados no assunto em questão e entendamos perfeitamente com que tipo de droga estamos lidando.  Estou certo de que o leitor pode agora concordar com legisladores, policiais, especialistas em saúde pública, defensores da legalização das drogas e antigos usuários quando eles dizem que, em termos de potencial destrutivo, nem todas as drogas são criadas iguais, e a metanfetamina pertence a uma classe única.
A pergunta é: sabendo-se que ela é tão perigosa e destrutiva, por que a metanfetamina cristal é tão popular
A deterioração de uma usuária de metanfetamina ao longo de um período de 10 ano 
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As respostas mais comumente dadas estão relacionadas a tecnologia, fisiologia e psicologia.
Tecnologicamente, o cristal é fácil de ser fabricado: pode-se utilizar equipamentos de produção simples, uma receita acessível gratuitamente na internet, e ingredientes disponíveis na farmácia da esquina. 
A baixa exigência tecnológica para a produção de cristal resultou na criação de vários laboratórios amadores e profissionais ao redor do mundo.  Um estudo publicado em 2007 descobriu que "A síndrome de abstinência de metanfetamina gera depressões mais prolongadas e severas que a abstinência de cocaína, de modo que os pacientes com abstinência devem ser monitorados de perto, pois apresentam propensão ao suicídio".
Psicologicamente, a metanfetamina fornece a euforia que tantas pessoas almejam.
Isso tudo é verdade, mas não explica a popularidade de um produto tão pernicioso e perigoso.  Vendedores de drogas, consumidores de drogas e até mesmo viciados em drogas sempre foram conhecidos por ser um grupo "racional" -- sim, racional, mas continue me acompanhando.  Eles reagem a mudanças de preços; eles reagem a diferenciais de qualidade e a mudanças na qualidade.  Eles também reagem -- racionalmente -- a mudanças no risco.  Logo, se os usuários de drogas selecionam sua droga favorita por meio de um processo racional de tomada de decisão, o que explica essa "marcha ao fundo do poço" e a ascensão da metanfetamina no mercado de drogas ilegais?
A resposta está no preço.  O cristal é conhecido como a cocaína do pobre.  Tanto a cocaína quanto a metanfetamina são estimulantes, portanto é razoável supor que ambas atraem o mesmo subconjunto de usuários de drogas.  Nos EUA, durante o apogeu da cocaína, a metanfetamina estava praticamente extinta no mercado ilegal. 
Porém, tudo isso mudou com a "Guerra às Drogas" intensificada por Ronald Reagan, a qual foi bastante eficaz em elevar os preços das drogas ilegais ao impor maiores riscos -- logo, maiores custos -- à produção, à distribuição e ao consumo.  O choque inicial dessa guerra às drogas fez com que os agentes do mercado negro refizessem suas planilhas de cálculo: eles agora tinham de reduzir seus riscos e seus custos.  Dentre os novos produtos que eles criaram em reação a essa nova realidade do mercado, podemos citar, além da metanfetamina cristal, o crack e um tipo de maconha altamente potente.

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Como havia prometido, a ciência econômica fornece a melhor explicação para o surto de popularidade da metanfetamina, não obstante o desproporcional perigo do seu uso.  A intensificação das leis de combate às drogas, o maior rigor na sua aplicação e um aumento nas punições levaram a um aumento nos preços e a uma redução da oferta das drogas recreativas favoritas, como a maconha e a cocaína.  Preços altos e escassezes periódicas fizeram com que traficantes e consumidores tivessem de encontrar substitutos -- bens sucedâneos que poderiam produzir resultados similares, porém a custos menores.
O flagelo trazido pelo cristal é mais um exemplo do "efeito autoridade" -- ou daquilo que tem sido chamado de "lei de ferro da proibição".  Sempre que o governo decreta uma proibição, aumenta a coerção ou aumenta as punições sobre o comércio de um bem como álcool ou drogas, tal medida inevitavelmente resulta na substituição destes bens por drogas mais adulteradas, mais potentes, mais perigosas e mais perniciosas.
No caso da metanfetamina cristal, as autoridades americanas já tentaram restringir a oferta dos ingredientes básicos, os quais são ingredientes comuns de remédios para gripes.  Elas determinaram que tais remédios fossem vendidos em farmácias apenas pelo farmacêutico, atrás do balcão, e com estoque limitado para apenas um mês.  Mais recentemente, alguns estados americanos determinaram que esses compradores de remédios para gripes fossem rastreados eletronicamente.  A intenção era impedir que comprassem em várias farmácias ao mesmo tempo.
Como resposta, os produtores de cristal recrutaram um número ainda maior de intermediários, dentre os quais amigos, parentes, alunos de faculdades, e até mesmo crianças e mendigos.  Esses recrutas compram remédios para gripe e os revendem para os laboratórios clandestinos com uma margem de lucro que chega a 500%.  Uma reportagem da Associated Press mostra que milhares de pessoas estão sendo atraídas para esse comércio.  "As autoridades foram surpreendidas", disse o sargento Tom Murley, de St. Louis.  "Pessoas que normalmente não iriam contra a lei agora estão dispostas a fazê-lo porque acham que é um bom negócio, e também por causa do estado ruim da economia".
Felizmente, além de respostas e explicações, a ciência econômica também pode nos mostrar a porta de saída dessa antiga tendência já velha de décadas -- a tendência de se criar drogas cada vez mais potentes e perigosas.  Afinal, uma determinada fatia da sociedade sempre irá, independentemente de restrições e imposições de leis, optar por usar drogas.  Menos coerção e punições menores iriam reduzir o preço da maconha e reduzir a demanda por cristal, direcionando essa demanda novamente para a maconha, uma droga que tem poucos dos problemas associados ao cristal.