quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Barbárie Nazista.....

Os homossexuais constituíam um dos grupos perseguidos pelo regime nazi. Antes do Terceiro Reich, Berlim era considerada uma cidade liberal, com bares e cabarés frequentados pela comunidade homossexual. Magnus Hirschfeld tinha começado aí, um movimento pelos direitos dos homossexuais durante o virar do século. Contudo, estes movimentos foram duramente reprimidos pelo Partido Nazi. A ideologia nazi sustentava que a homossexualidade era incompatível com o Nacional Socialismo, já que não permitia a reprodução, necessária para perpeturar a raça superior. Da mesma forma, a masturbação era considerada perniciosa pelo Reich.

Ernst Röhm, líder da Sturmabteilung, a primeira milícia do Partido Nazi, um dos homens de confiança de Hitler que o ajudou a ascender ao poder, era homossexual e foi assassinado em 1934 na Noite das Facas Longas. O mesmo se passava com outros líderes, como Edmund Heines.

Hitler protegeu, inicialmente, Röhm de outros elementos do Partido Nazi que consideravam a sua homossexualidade como uma violação grave da política fortemente homofóbica do partido. Hitler, mais tarde, ao considerar que esta podia ser, de facto, uma ameaça à consolidação do partido no poder, autorizou a sua execução na chamada Noite das facas longas. Durante o holocausto, a perseguição continuou, tendo muitos sido enviados para campos de concentração. As estimativas sobre o número de homossexuais mortos nos campos varia muito, entre 5 e 15 mil, consoante os autores consultados.

O sofrimento dos homossexuais não terminou depois do fim da guerra, uma vez que as leis anti-homossexuais dos Nazis não foram suprimidas, tal como aconteceu com as leis anti-semíticas, por exemplo. Alguns homossexuais foram obrigados a terminar a pena a que estavam condenados pelo Governo Militar Aliado do pós-guerra na Alemanha. Outros, ao regressar a casa e aos seus países de origem tiveram que manter o silêncio sobre o seu sofrimento, por medo de discriminação, pois as chamadas leis sobre a sodomia só acabariam por cair na Europa Ocidental nos anos 1960 e 1970.

O Programa Lebensborn cuidava para que o ariano sadio tivesse a sua descendência assegurada. Mulheres eram incentivadas a ter filhos com esses homens que representavam a raça pura do Reich de mil anos.

Depois da Primeira Guerra Mundial, no período da história alemão conhecido como a República de Weimar, a homossexualidade masculina na Alemanha, particularmente em Berlim, gozavam de maior liberdade e aceitação do que em qualquer outra parte do mundo. Contudo, a partir da tomada de poder por Hitler, os gays e, em menor grau, as lésbicas, passaram a ser dois de entre vários grupos sociais a serem atacados pelo Partido Nazi, acabando por ser também vítimas do Holocausto.

A partir de 1933, as organizações gays foram banidas, livros académicos sobre homossexualidade e, mais genericamente, sobre sexualidade humana, foram queimados, e alguns homossexuais do Partido Nazi foram assassinados. A Gestapo compilou listas de nomes de homossexuais, que foram obrigados a adaptar-se à norma sexual Nazi.

Estima-se que em 1928 existiam cerca de 1,2 milhões de homossexuais na Alemanha. Entre 1933 e 1945, mais de 100 mil homens foram registados pela polícia como homossexuais (as "Listas Rosa"), e destes, aproximadamente 50 mil foram oficialmente condenados. A maior parte destes homens foi aprisionado e entre 5 a 15 mil enviados para campos de concentração. O investigador Ruediger Lautman acredita que a taxa de mortalidade de homossexuais presos em campos de concentração poderá ter atingido os 60%, pois os homossexuais presos nesses "campos da morte" para além de serem tratados de forma extraordinariamente cruel pelos guardas, eram também perseguidos pelos outros prisioneiros.Depois da guerra, o sofrimento dos homossexuais nos campos de concentração nazi não foi reconhecido em muitos países, tendo algumas potências aliadas recusado a libertação ou repatriação destes homens. Alguns dos que ficaram presos, escaparam e foram de novo presos, baseados em factos ocorridos durante no período nazi. Apenas nos anos 1980 começaram a surgir governos a reconhecer os homossexuais como vítimas do Holocausto, e apenas em 2002 o governo alemão pediu formalmente desculpa à comunidade gay.

Antes do Terceiro Reich, Berlim era considerada uma cidade liberal, com numerosos cabarés, clubes nocturnos e bares gays, onde berlinenses e turistas (gays ou não) se divertiam com espectáculos de travesti. Hitler, no seu livro Mein Kampf, denunciou estes costumes como prostituição, sífilis e degeneração cultural, responsabilizando parcialmente os judeus. Por essa época, Berlim era sede das organizações LGBT mais dinâmicas e activas do mundo. O médico judeu Magnus Hirschfeld fundou em 1897, com Eduard Oberg, Max Spohr e Franz Josef von Bülow, o Comité Científico Humanitário (Wissenschaftlich-humanitäre Komitee), com o objectivo de lutar contra o Parágrafo 175 que ilegalizava as relações sexuais entre homens e de obter o reconhecimento para os homossexuais e transgêneros, que é considerada a primeira organização pública de defesa dos direitos dos gays. Estes progressos da comunidade gay foram rapidamente eliminados com a chegada ao poder do Partido Nazi de Hitler.

O nazismo declarou a sua incompatibilidade com a homossexualidade pois os gays não se reproduziam e, logo, não perpetuavam a raça ariana. Pelas mesmas razões, a masturbação foi também considerada prejudicial ao Reich, mas seria apenas ligeiramente reprimida. Os nazis temiam ainda o "contágio" gay. Hitler acreditava que a homossexualidade era um "comportamento degenerativo" que ameaçava a capacidade do estado e o "carácter masculino" da nação.

Os homens gays eram denunciados como "inimigos do estado" e acusados de "corromper" a moral pública e ameaçar o crescimento populacional alemão. Os líderes nazis, como Himmler, consideravam também que os homossexuais eram uma raça à parte e promoveram experiências médicas que tentavam encontrar alguma deficiência hereditária que muitos membros do partido julgavam ser a causa da homossexualidade. Enquanto muitos líderes nazis defendiam que os homossexuais deviam ser exterminados, outros pretendiam legislação que banisse sexo entre homens ou entre mulheres.

Ernst Röhm, o chefe da SA que Hitler considerava uma ameaça potencial, manteve a sua homossexualidade oculta até que em 1925 um jornal do Partido Social Democrático da Alemanha publicou um conjunto das suas cartas de amor para outros homens. A partir dessa altura, Röhm deixou de esconder a sua sexualidade (tal como Edmund Heines e outros líderes da SA), aderindo mesmo à Liga dos Direitos Humanos, a maior organização alemã de direitos dos homossexuais.

Em 10 de maio de 1933, em Berlim, nazistas queimaram obras de autores de origem judaica, a biblioteca do Institut für Sexualwissenschaft, e outras obras consideradas "não-alemãs". Em finais de fevereiro de 1933, à medida que a influência moderadora de Ernst Röhm enfraquecia, o Partido Nazista lançou uma expurgo dos clubes homossexuais (gays, lésbicas e bissexuais, nessa altura conhecidos como "homófilos") de Berlim, ilegalizou as publicações de conteúdo sexual e baniu as organizações gays. Em consequência, muita gente abandonou a Alemanha (incluindo, por exemplo, Erika Mann). Em março de 1933, o principal administrador do Institut für Sexualwissenschaft (Instituto para o Estudo da Sexualidade), Kurt Hiller, foi internado num campo de concentração.

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