terça-feira, 22 de novembro de 2011

A vida tem que prosseguir neh ...

Terminar um relacionamento é um saco. Vou repetir isso uma porção de vezes até me conformar ou descobrir o motivo pelo qual as pessoas têm que passar por isso. Mas, tirando do que já vi e já vivi, dá pra ver que todo final, todo luto, passa por algumas fases. Elas não acontecem necessariamente em uma ordem, e podem acontecer todas juntas. Às vezes leva-se anos para passar por todas ( ou pelo menos a maioria delas ). Às vezes leva-se alguns poucos dias. Não importa, de todo jeito… Tudo isso é um saco. Saco.
1 – CHOQUE ( Ou, “Hã?” )
É quando acontece. Ponto final, acabou. Não deu tempo de perceber nem pensar em nada ainda, só se percebe a realidade. Dessa vez, foi. Caiu no chão, quebrou, já era. Não importa quem entrou com o pé e quem entrou com a bunda. Tão pouco importa o motivo ( desamor, traição, tédio, medo, ciúme, atormentações em geral, Você não reage, não respira, não entende, não consegue pensar. É como se a vida se suspendesse por um momento, fazendo você se debater no ar sem conseguir pisar no chão. É um saco. Mas passa logo.
2 – DOR ( Ou, “Vou morrer disso” )
As horas passam aos pouquinhos. Os dias vão vindo. E você se dá conta que não é mesmo só mais uma briga. Acabou. Sua vida vai seguir e aquela pessoa não vai mais estar por perto. E aí começa a doer. Às vezes, dói no dedinho mindinho do pé; outras, dói o corpo todo. A cabeça, o peito, o coração. Você fica gripada, não quer dormir, não quer comer, só chora e fica ouvindo músicas que falam de amores perdidos. As pessoas se preocupam com você, mas nada te consola e nem te anima. Você tem certeza que nunca vai superar aquilo. Mas, sendo uma pessoa normal, você vai superar. Só que até lá… É um saco.
3 – RAIVA ( Ou, “Que vá queimar no mármore do inferno”)
Aqui, você começa a ter raiva, ódio, nojo da pessoa. É a hora de pegar um saco de lixo e fazer uma limpeza – rasgar fotos e cartas, Você , diz pra todo mundo que não quer ver mais.  Você jura que odeia essa pessoa do fundo do coração. Mas não odeia não. E é um saco perceber isso.
4 – RACIONALIZAÇÃO ( Ou, “Eu nem queria mesmo.” )
É a hora de se acalmar. Você procura mantras, textos de apoio, psicólogos, os amigos. Todos dizem o mesmo, que você é linda, maravilhosa, e logo vai achar uma outra pessoa… Que nada acontece por acaso, que foi melhor assim, etc. E você vai repetindo todas essas frases lindas e fingindo acreditar. Você racionaliza, explica o seu romance todo e as razões e desrazões de tudo ter começado ou acabado. E, durante um tempo, isso funciona muito bem. Você parece pronta pra seguir sua vida sem pensar na pessoa, desejando  um caminho de luz. Mas só parece. Saco.
5 – VINGANÇA ( Ou, “vc me paga.” )
Aqui, é uma recaída da fase da raiva. Só que agora, você acha que só conseguirá purgar seu ódio se fizer  te pagar com juros os preciosos momentos que você perdeu com a pessoa. Você traça planos mirabolantes. Procura essas mulheres que fazem feitiços na boca do sapo. Dá telefonemas anônimos pra família e . Arruma um outra pessoa só pra passar na frente  e fazer o maior farol.. Mas aos poucos você percebe que isso não adianta nada, que saco.
6 – GALINHAGEM ( Ou, “Estou em outra, quer ver?” )
Ora, mas pra que tanto desespero? Existem muitas outras pessoas por aí. E então você começa a sair.  Faz loucuras que nunca fez, chuta o pau da barraca, e não sente a menor culpa. Afinal, você não quer mais se envolver, e diz que está numa fase descolada. Só que em cada boca, em cada abraço, em cada cheiro, é na criatura  que você pensa, e de repente você vê que só lotou a sua agenda  um monte de pessoas que não passam de alguém pra você achar que é um saco no dia seguinte. Ai.
7 – DESPREZO ( Ou, “Nem ligo”)
É a hora de fazer força para esquecer. Você entende que essa adrenalina toda não faz bem pra alma e nem pra pele, e decide sossegar. Simples. Só não pensar. Ignora totalmente a existência. Nem enxerga mais. Esquece do número de telefone. Arquiva tudo que se escreveram e se deram numa caixa, lacra e coloca no fundo do armário. Pronto. Tudo enterrado. Mas o defunto logo começa a arranhar o caixão querendo sair. E sai. Saco.
8 – VAZIO ( Ou, “…” )
Saco.
9 – RECAÍDA ( Ou, “Vai ver que não é bem assim…” )
De repente, um telefonema… Um encontro marcado, ou casual… Uma conversa amigável em nome dos bons tempos. E você pensa, “puxa, podemos ser civilizados… Por que não?” E então vocês começam a se ligar, a se falar, a se encontrar. E de repente, estão falando do passado, lembrando coisas, rindo juntos. E mais de repente ainda, a criatura passa a mão no seu cabelo, te olha fundo e te beija. E você pensa, “por que não podemos ficar? Só um pouquinho… Não tem problema.” Mas tem problema sim. O problema é que, depois de uma recaída, o seu saco fica cheio como nunca.
10 – O NOVO NAMORADO ( Ou, “Pra esquecer um amor antigo, só um novo amor.” )
É isso que todo mundo diz. Que a dor de amor se cura com outro amor. E você, tolinha… Acredita nessa bobagem e arruma uma outra pessoa. Pode ser uma outra pessoa mesmo, oficial, com carteira assinada. Ou outra por quem você acha que se apaixonou. E com o tempo, você se pega pensando no passado, e fazendo mil comparações. A outra pessoa, mesmo longe, parece muito melhor. E então você entende que, mesmo sendo um saco aceitar isso, ninguém substitui ninguém. E que as situações mal resolvidas só podem deixar de ser mal resolvidas de uma maneira: sendo resolvidas. E então manda o novo amor embora de dentro de você tão rápido quando chegou.
11 – SAUDADE ( Ou, “Ai…” )
É a hora de encarar que saudade dói. E mesmo sendo um saco… É preciso sentí-la, até esgotá-la, mesmo que você se esgote com ela. É quando você deixa de resistir pra curtir essa dor até o fim. E, geralmente é quando caem todas as fichas.
10 – SUPERAÇÃO ( Ou, “Bola pra frente” )
O tempo passa, passa, passa. As coisas se acomodam. Aos poucos, você vai deixando a idéia fixa de lado. Começa realmente a ver o lado positivo das coisas. Começa a se desligar. E quando você vê… A pessoa está longe dos olhos e do coração. E vira uma lembrança gostosa de lembrar e reviver. De repente, você pode até virar amiga da  criatura. A doença já curou. Passou. Vem aquela vontade de cuidar de você mesma, de ficar só e de sentir aquela solidão que não é triste, apenas necessária pra recomeçar. E o seu saco esvazia, ficando pronto pra começar a encher de novo com  uma  próxima pessoa. Afinal, como se diz por aí… A fila tem que andar.
E ainda bem que anda mesmo.
***

Um comentário:

  1. O fato, é que o encontro de duas personalidades assemelha-se ao contato de duas substâncias químicas: se alguma reação ocorre, amb@s sofrem uma transformação.

    Bjão no coração frô!!

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